para compartilhar sabores e lembranças olfativas daqui e de outras terras...como o nhoque da nona, o arroz com bacalhau de vovô, as almondegas de minha mãe, o risoto de linguiça do meu pai, o thanksgiving dinner da mammy, o german chocolate cake da cindy, o doce de leite de tia mercedes, o doce de cidra da aninha, o doce de mamão da célia, o doce de pera da margarida, as pimentas da celha, os bolos da semiramis, os patês da rosana e por ai vai....


sábado, 9 de junho de 2012

para refletir com Arthur da Távola: afinidade

hoje quero falar de afinidade e agradecer.
felizmente o blog me proporcionou muitos encontros.
encontros que começaram com afinidade na cozinha e seguiram outros rumos, e mails, conversas por telefone, visitas, longos papos no facebook, visitas, encontros não virtuais, correntes solidarias... 
aqui encontrei muitas pessoas especiais, gente que é solidaria com as minhas dores e angustias, gente que vibra comigo, gente que aparece para para me dar forças, gente que não me abandona, mesmo quando não posso estar presente nos blogs, estas pessoas especias estão sempre por aqui, fazendo meu dia melhor e me dando força e alento para seguir em frente.
agradeço, de coração, todos vocês pelo carinho e atenção.
 
escolhi para  reflexão de  hoje, este texto perfeito de Arthur da Távola e para ilustrar a foto com a querida Léia, com quem tenho uma afinidade especial, uma afinidade de alma.




AFINIDADE

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.
E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos.

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem.

Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.

Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.
A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.A
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.

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13 comentários:

  1. Tenho pensado muito em voce e lido seu blog apesar de comentar pouco - vida completamente cheia, com mudancas acontecendo...

    adorei esse texto, e acabo de manda-lo para minha familia e amigos no Brasil. Estando fisicamente tao longe, e' fundamental se lembrar que a afinidade transcende a distancia.

    cuide-se, e continue abrilhantando a blogosfera!

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  2. Olá Ângela,
    Lindo agradável e real texto, já o conhecia, a afinidade tem lógica, é simplesmente afinidade.
    Estamos consigo, beijo,
    Vânia

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  3. Ângela, os amigos estão sempre presentes, dando força, partilhando bons e maus momentos, quer seja por mensagens ou por vibrações de amor, de energia.
    A afinidade não tem muita explicação, apenas existe e transcende qualquer meio de comunicação.
    Receba meu abraço carinhoso mais uma vez!

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  4. Que texto lindo Angela, parabéns pela sua sensibilidade em publicá-lo. É isso mesmo que acontece com as afinidades reais, verdadeiras, eu tenho exemplo disso.
    Que sua semana começe com muita paz.
    Xerokas

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  5. Sabe que é verdade? Com os nossos afins não existe tempo de separação, existe sim, um tempo de descanso eu acho, que inércia, invernos forçados, quando a gente fica de longe, mas o coração não deixa de estar perto...sem complicação, sem cobrança, sem interrupção, apenas silêncios breves...

    Meu abraço,
    meu carinho pra você,

    Renata

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  6. Mammy querida
    Que emoção começar o meu dia com essa homenagem e texto maravilhoso!
    Realmente ter afinidade é muito raro e é por isso que agradeço a Deus por esse fio de luz que nos une e pela oportunidade do reencontro!
    Também acredito que a afinidade não precisa do amor, mas o que torna a nossa amizade ainda mais especial é que também nos amamos!
    Sempre digo exatamente o que o Arthur da Távola disse, que mesmo se ficarmos 20 anos sem ver uma determinada pessoa, que temos afinidade, quando a reencontramos prosseguimos a relação exatamente do ponto em que parou:)
    Você mora em meu coração e estou sempre contigo.
    Muito obrigada por tudo.
    Um abraço apertado.
    Léia

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  7. Oi, Angela!
    A Léinha me contou desta afinidade entre vocês, achei lindo e espero que sejam assim até eternamente.
    beijos cariocas

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  8. É por isso que te tenho cara em minha vida.
    Desenvolveu em nós o sentido da afinidade, amizade e amor, sem pressa, sem rodeios e nem imposições.
    Sua amizade me representa a maior prova de amor ao outro.
    Tu tens a alma bela e pura.Tens o coração nos olhos e nos braços.
    Obrigado por fazer parte de nossa história...

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  9. Esse texto é realmente lindo. Conheci pessoas maravilhosas através do meu blog. Com algumas tenho tanta afinidade que parece que nos conhecemos desde sempre.
    Bjoks

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  10. Bom dia
    Gosto muito deste texto sobre afinidades e realmente os blogs são facilitadores de ótimos encontros.
    bjs

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  11. Entrei neste blog "por acaso"... qd li as quatro leis da espiritualidade entendi(mais uma vez)que nada acontece por acaso.Adorei o texto Afinidade. Parabéns pelo blog!

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  12. Adorei o texto Afinidade! Náo foi por acaso que entrei neste blog, aliás nada acontece por acaso...

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  13. Entrei neste blog por acaso...mas nada acontece por acaso...

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